Maria Aparecida Silva Ribeiro - 18/11/2009
Parabéns para a Educação no Brasil!
No ano em que se comemoram os duzentos e cinqüenta anos da oficialização do sistema de educação no Brasil (Decreto de 1759 do Marquês de Pombal) e no mês em que um dos instrumentos de avaliação da educação nacional invade a cena dos noticiários pela suspeita de baixa isenção em seus procedimentos, um incidente localizado no pequeníssimo aeroporto do menor estado da federação cruza, de modo um tanto perverso, reflexões nascidas nas diversas instâncias de estudo da educação brasileira.
Num dos mais concorridos vestibulares do Brasil, candidatos de vários estados aspiram a uma vaga na Universidade Federal de Sergipe, disputando, muitos deles, durante anos seguidos, um lugar de um dos maiores departamentos desta instituição pública de ensino superior, maior em número de alunos, docentes, aulas ministradas, formandos etc - o Departamento de Medicina.
Em geral, vencem essa maratona os candidatos mais bem preparados. O que não quer dizer que os reprovados, ou não classificados, não tenham se esforçado – e muito. Mas que os que chegam a ocupar aqueles bancos escolares são os que foram efetivamente preparados para passar pela duríssima seleção; aqueles que, em geral, cursaram seu ensino fundamental e médio em instituições privadas, cujas altas mensalidades (principalmente, se colocadas na proporção dos salários pagos a professores, funcionários, trabalhadores de empresas públicas e privadas, dos diversos setores, da capital e região metropolitana; do interior, nem se fala...) lhes deram direito a um treinamento de rigor quase militar: horas e horas de estudo, de aulas expositivas, de técnicas de memorização – macetes, musiquinhas tolas para decorar fórmulas complexas – mediocridade disfarçada de esperteza; exercícios repetidos à exaustão – metodologia de rolo compressor – finais de semana inteiros dedicados a devorar apostilas insípidas, a simular provas, a comparar resultados – os seus com os de outros, os seus de hoje com os de ontem – em atividades massacrantes que, dentre outras coisas, os colocavam em permanente estado de ansiedade, os atiravam da euforia dos bons resultados à frustração nos testes em que não iam bem, mexiam com sua auto-estima, desestabilizavam seus humores. Enquanto isso, suas vidas passavam, sem se darem conta.
Mas, enfim, chegaram lá. Muitos da mesma escola seleta, da mesma superturma. Não é surpresa se encontrarem nas salas de aula das disciplinas do curso de Medicina classes inteiras de colegas de toda a educação básica, alunos que se conhecem desde o jardim de infância. Jovens que, à maneira do best seller dos anos oitenta, Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, sabiam desde os oito anos de idade que seriam médicos. E que, para ser médico, num futuro que, à época, poderia parecer longínquo, teriam que ser o número um sempre, desde então. E que, desde então, colocaram em foco o domínio de um jogo que lhes garantiria, numa só tacada, a vaga no curso de Medicina numa instituição pública de educação superior – a mais prestigiada – e, como conseqüência, um lugar de destaque na sociedade sergipana, cujo usufruto de um título de “doutor” e conseqüente acesso a numerosos bens de consumo lhes garantiriam a recompensa por anos de trabalho árduo na escola e a satisfação de seus pais por terem dado a melhor educação ao seu filho.
No caso da médica que, no aeroporto de Aracaju, protagonizou um curta-metragem de péssimo gosto veiculado na Internet, além da conquista desse sonho de várias gerações de familiares, tinha também o de um casamento, com direito a príncipe encantado e lua de mel “no estrangeiro”. Epíteto de “doutora” acompanhado do de “esposa”, com direito a passaporte carimbado são, de fato, muitas conquistas acontecendo a um só tempo.
Mas no meio do caminho havia uma pedra.
A pedra em seu caminho foi o entrave à realização do conto de fadas da moça. E provavelmente não foi causado – apenas – conforme alegado por seu advogado de defesa, pelo estresse que sofreu por tanta felicidade junta.
Foi algo anterior e muito mais complexo.
Sem invadir levianamente o terreno pouco familiar das teorias do comportamento, já que o episódio é um prato cheio para psicólogos e demais interessados nas ações e reações humanas, fico com uma evidência cuja natureza tem ocupado, pelo menos, meus últimos quinze anos de estudos e prática profissional: a educação de crianças e jovens. Dito isto, avanço afirmando que a pedra no caminho da médica recém-formada e recém-casada resulta da precária apropriação que tem realizado, no decorrer do seu percurso formativo, das referências conceituais recebidas da família/escola/sociedade.
De fato, a moça deve ter sido filha obediente, boa aluna, amiga legal, em toda sua infância e adolescência. O sucesso inegável na prova objetiva, somativa, do vestibular que prestou, também, é sinal de esforço, disciplina, concentração. O casamento, provavelmente um sonho cultivado há muito tempo e compartilhado por outras jovens de sua idade, também diz alguma coisa a respeito de sua criação e formação familiar.
Mas, francamente, a moça não deve ter feito direito seus deveres de casa.
Por exemplo, se tivesse lido, bem, o bilhete de passagem que adquiriu, teria aprendido que a antecedência de check-in para vôo nacional é de uma hora e para vôo internacional, de duas.
Se tivesse lido os jornais dos últimos meses, teria se dado conta de que, atualmente, o chefe de estado mais poderoso do planeta é negro.
Se tivesse acompanhado um pouco das chamadas “atualidades”, que também é matéria dos concursos públicos, saberia que o presidente de seu país, já em seu segundo mandato, tem origem pobre, não ostenta diploma de ensino superior, embora os investimentos que têm feito em educação, inclusive na “superior”, revelem uma atenção especial a esse setor. Passível de críticas de diversos grupos, a que todo administrador da coisa pública certamente está sujeito, foi chamado de The Man por aquele chefe de estado mais poderoso do mundo. Uma expressão que, em inglês, quer dizer, mais ou menos, “O Cara”, com certeza não por sua origem ou pelo jeitão coloquial – em geral, pouco comuns em um estadista – mas pelo prestígio internacional que tem adquirido em sua trajetória.
Oh, mas a moça precisava relaxar! Se ela tivesse então, ao menos, visto um pouco da teledramaturgia nacional recente, a boa e velha novela das oito, veria que já existe uma Helena, do Manoel Carlos, moradora do Leblon, musa da glamourosa cidade de Búzios,(que já teve Brigitte Bardot como musa) que é (!) negra. Cuja interpretação coube à atriz que já foi protagonista em outra época, dando vida à Xica da Silva, a escrava tornada princesa à força dos diamantes, no Arraial do Tijuco ou Diamantina do período colonial – essa aula de História a doutora deve ter perdido.
Mas, com certeza, leu Machado de Assis. Porque o vestibular a obrigou. E será que não reparou, na leitura de sua biografia, que o maior escritor brasileiro de todos os tempos, fundador da Academia Brasileira de Letras era (!) negro?
Fragmentos de informação, pequenos detalhes que a escola deixou passar, ou que a leitura apressada dos textos dos livros, e dos textos da vida, não captou. Referências subliminares que os currículos formais não fizeram questão de ressaltar. E tampouco a leitora, de nível superior, fez questão de se apropriar: temas transversais, ligados ao momento histórico vivido pelo país e pelo mundo, tópicos de estudo sobre diversidade, tolerância, civilidade, educação social.
É fato que a moça tentou se redimir: à maneira das meninas da escola primária, surpreendidas em uma travessura qualquer na hora do recreio, pediu desculpas ao coleguinha. Mas foi de costas, na TV. Talvez para não prejudicar sua imagem de profissional da saúde (em geral, preocupados com o bem-estar coletivo). Só que, quando insultou o rapaz, estava de frente, aos berros, atirando ao chão objetos do guichê da companhia aérea, em sua fúria desmedida por ouvir, talvez como poucas vezes em sua vida, um não. E tampouco se importou de se declarar médica, na ocasião. Não parecia importar-se com o impacto de suas ações sobre sua carreira. Sua profissão parecia estar, pelo contrário, a serviço de uma “satisfação imediata ou seu dinheiro de volta”.
No calor da emoção, também, não tinha consciência de que havia uma câmera apontada para ela. (Nestes tempos de big brother, para o bem e para o mal, há sempre uma câmera atenta, à espera de uma imagem (in)digna de ser reproduzida. Às vezes, por sorte, a lente mira os infratores, os que têm algo a esconder. Como aqueles policiais lá do Rio de Janeiro, que deixaram o coordenador da ONG AfroReggae, educador social atuante, agonizar até a morte, depois de sofrer assalto, agressão, com o requinte de agentes da lei lhe subtraindo os pertences que os ladrões deixaram para trás.
Ainda bem que a mesma câmera que registra caras e bundas, registra coisas bem mais vergonhosas, criminosas e passíveis de punição (cujos processos, no caso dos dois crimes – omissão de socorro e racismo – faremos questão de acompanhar, pelo mesmo monitor indiscreto).
Neste ano, que a educação escolar no Brasil completa dois séculos e meio, especialmente neste mês de novembro, em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, meu recado, minha admiração vai para a família que educou, muito bem, o funcionário da companhia aérea que atendeu à doutora.
Para mim, de fato, ele também é O Cara!
Currículo
MARIA APARECIDA SILVA RIBEIRO é Doutora em Letras pela PUC-RIO, Professora Adjunta do Departamento de Letras da UFS. Colaboradora do Programa Nacional de Inclusão de Jovens, PROJOVEM URBANO.
Parabéns para a Educação no Brasil!
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on quarta-feira, 25 de novembro de 2009
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Referencial teórico sobre o trabalho: ZOOM
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A INTERDISCIPLINARIDADE DIGITAL
Maria Angélica de Melo Rosa e Michele Kohn
Justificativa:
A utilização do ambiente virtual, na facilitação do desenvolvimento de temas que focam várias disciplinas (com base nos PCNS), é hoje dentro do âmbito educacional uma realidade que deve ser vinculada ao processo de ensino aprendizagem. Através desse pensamento, elaboramos um recurso audiovisual que integra o conceito da interdisciplinaridade.
"As crianças de hoje já nascem na “era digital” e, diretamente expostas à ...uma nova cultura audiovisual, urbana, que se expressa de forma dinâmica e multifacética, que responde a uma nova sensibilidade e forma de perceber e de se expressar” .(Moran, 1992)
Objetivos:
Propiciar aos alunos a interação e troca de idéias, na construção de suas hipóteses de aprendizagem, motivados pelas possibilidades que as imagens oferecem.
Conteúdos:
• Matemática
• Língua Portuguesa
• História
• Geografia
• Ciências Naturais
• Meio Ambiente
• Arte
Desenvolvimento:
Apresentação do vídeo em sala de aula, contextualizando à partir das imagens exibidas e instigando a interação e o envolvimento das crianças através da dialogicidade. Propor a criação de um novo vídeo desenvolvido a partir de novos temas sugeridos pelos alunos.
Conclusão:
O professor que utiliza os meios virtuais, como ferramenta de trabalho em sala de aula, se fizer um trabalho que seja de boa qualidade, certamente terá um envolvimento bem maior de seus alunos.
Referências Bibliográficas:
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais; terceiro e quarto ciclos: apresentação dos temas transversais/ Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF, 1998
MORAN. José M. Leituras dos meios de comunicação. Ed.Pancast.1992
Um nova relação professor-aluno e o uso das redes eletrônicas
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Uma nova relação professor-aluno e o uso das redes eletrônicas
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Por Paulo Sérgio Garcia
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RESUMO Este artigo procura discutir a relação entre o professor e o aluno nos diversos períodos da história da educação apontando as problemáticas que existem, e, procura, ainda, mostrar uma nova visão do professor e sua relação com seus os alunos.
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A relação professor e aluno
Segundo SEABRA (1994), a escola tem sido, durante anos, um local que se identificou com o trabalho, que em nossa sociedade nada tem a ver com prazer. Assim, o lúdico, o colorido, o mágico, não fazem parte desta organização que é, por natureza, séria e não admite brincadeiras. Mas é esta a escola que tem marginalizado tantos alunos que estamos buscando, procurando para o próximo século? Não deverá ser a escola um local de prazer para os alunos, onde eles possam experimentar diferentes formas de conhecimento na relação com seus mestres?
As estatísticas sobre a evasão escolar, segundo a UNICEF (1992), estão nos mostrando que devemos seguir o caminho oposto. No Brasil, somente 22% das crianças matriculadas na 1ª série chegam a finalizar, terminar o 1º grau, de acordo com os dados de 1985 a 1987.
A relação professor e aluno tem acontecido sob este contexto sério, pseudo-organizado, direcionado, sistematizado pelo mundo dos adultos, que, em muitos casos, entra em choque com a realidade lúdica das crianças.
A postura do professor em relação ao aluno, neste contexto sério de modelo racional, caracteriza-se por duas fases bem distintas que podemos chamar de seleção e exposição. Na primeira etapa o professor seleciona o conteúdo, organiza e sistematiza didaticamente para facilitar o aprendizado dos alunos. Depois disso, a próxima fase é a de exposição, quando o professor fará a demonstração dos seus conteúdos. Neste modelo é exatamente neste ponto que termina a atividade do professor, o que irá ocorrer daí para frente dentro do aluno não é problema dele, o aluno que memorize as informações que ele, dono absoluto do conhecimento, exigirá de volta nas provas. Aliás, parece-nos que o professor gasta muito de seu tempo em sala de aula com mecanismos de controle, tais como: prova, chamada oral, controle de atividades, etc..
Em outras palavras, antes dos alunos chegarem à escola de volta das férias, por exemplo, o professor planeja suas atividades para as quais o livro didático é seu principal apoio; já na segunda fase, no contato direto com os alunos, ele faz a apresentação do conteúdo para o aluno, onde o giz, a lousa e o trabalho individual são suas ferramentas básicas para que eles possam memorizar seus conteúdos programáticos.
A analise de MIZUKAMI (1986), sobre a relação professor e aluno, pode definir com maior profundidade e abrangência o colapso deste tema. A autora divide os diversos períodos da história da educação em abordagens, e nos mostra que na abordagem tradicional esta relação é vertical e o mestre ocupa o centro de todo o processo, cumprindo objetivos selecionados pela escola e pela sociedade. O professor comanda todas as ações da sala de aula e sua postura está intimamente ligada à transmissão de conteúdos. Ao aluno, neste contexto, era reservado o direito de aprender sem qualquer questionamento, através da repetição e automatização de forma racional. (p.14-15)
SAVIANI (1991), referindo-se à relação professor e aluno, na escola tradicional, mostra-nos que o professor:
"transmite, segundo uma gradação lógica, o acervo cultural aos alunos. A estes cabe assimilar os conhecimentos que lhes são transmitidos. (p. 18)
Ainda sob esta perspectiva, o aluno para ter acesso ao conhecimento tinha de passar pelo professor, que era quem mediava a relação. Assim, o professor controlava todas as ações exigindo dos alunos obediência que, por outro lado, era também exigida na empresa ou na indústria. Desta forma, pensar, questionar era coisa do chefe ou do dono da empresa.
Dentro da abordagem comportamentalista, segundo MIZUKAMI (1986), o professor é um planejador do ensino e da aprendizagem que trabalha no sentido de dar maior produtividade, eficiência e eficácia ao processo, maximizando o desempenho do aluno. O professor, como um analista do processo, procurava criar ambientes favoráveis de forma a aumentar a chance de repetição das respostas aprendidas. (p.31-32)
Segundo SAVIANI (1991), neste contexto:
" o elemento principal passa a ser a organização racional dos meios, ocupando o professor e aluno posição secundária, relegados que são a condições de executores de um processo cuja concepção, planejamento, coordenação e controle ficam a cargo de especialistas supostamente habilitados, neutros, objetivos e imparciais."(p. 24)
Passando para a abordagem humanista, MIZUKAMI (1986), assim se refere:
"As qualidades do professor (facilitador) podem ser sintetizadas em autenticidade, compreensão empática - compreensão da conduta do outro a partir do referencial desse outro - e o apreço (aceitação e confiança em relação ao aluno)." (p.53)
O professor como facilitador da aprendizagem, aberto às novas experiências, procura compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas de seus alunos e tenta levá-los à auto-realização. A responsabilidade da aprendizagem (objetivos) fica também ligada ao aluno, àquilo que é mais significativo para ele, e deve ser facilitada pelo professor. Portanto, o processo de ensino depende da capacidade individual de cada professor, de sua aceitação e compreensão e do relacionamento com seus alunos.
Na abordagem cognitivista, a mesma autora, coloca que o professor atua investigando, pesquisando, orientando e criando ambientes que favoreçam a troca e cooperação. Ele deve criar desequilíbrios e desafios sem nunca oferecer aos alunos a solução pronta. Em sua convivência com alunos, o professor deve observar e analisar o comportamento deles e tratá-los de acordo com suas características peculiares dentro de sua fase de evolução. (p.77-78)
Piaget aparece como o principal nome na abordagem cognitivista, que desloca o foco da passividade do aluno em relação à informação. O professor passa a criar o cenário necessário, pensando no estágio de desenvolvimento em que o aluno se encontra, para que o aluno possa explorar o ambiente de forma predominantemente ativa. Neste ponto, o aluno não é um ser que recebe a informação passivamente, ele deverá experimentar racionalmente atividades de classificação, seriação e atividades hipotéticas. Assim, o professor sempre oferecerá ao aluno situações problemas que tragam a eles a necessidade de investigar, pensar, racionalizar a questão e construir uma resposta satisfatória.
Na abordagem sócio-cultural, MIZUKAMI (1986) afirma que a relação entre o mestre e o aprendiz é horizontal, professor e aluno aprendem juntos em atividades diárias. Neste processo, o professor deverá estar engajado em um trabalho transformador procurando levar o aluno à consciência, desmistificando a ideologia dominante, valorizando a linguagem e a cultura. (p.99)
Nesta abordagem, o diálogo marca a participação dos alunos juntamente com os professores. Os estudantes são partes do processo de aprendizagem que procura enfatizar a cooperação e o trabalho coletivo na resolução dos problemas sociais.
Muito se tem investigado sobre a relação entre o professor e o aluno no últimos tempos. Cunha (1994) em seu estudo sobre "o bom professor", investiga o dia-a-dia do professor como indivíduo e como educador, analisa, também, sua prática e metodologia e, a partir de uma caracterização deste profissional, propõe novas direções para a formação dos professores e para os cursos de magistério. Ainda segundo sua análise, a relação professor e aluno passa pela forma com que o professor trabalha seus conteúdos, pela forma com que ele se relaciona com sua área de conhecimento, por sua satisfação em ensinar e por sua metodologia. (p.70-71)
D'OLIVEIRA (1987), analisando a relação professor e aluno, mostra-nos que esta pode ser caracterizada em três níveis:
"o dos valores presentes na relação, transmitidos através das idéias verbalizadas em sala de aula e refletidas nas ações e nos objetivos de trabalho; o dos modelos dados, ou seja, do que se faz e que é dado como exemplo, que pode ou não ser imitado, e o da interação propriamente dita: das reações das pessoas ao que o outro faz."(p.3)
A autora, apresentando sua análise sobre o "sistema aversivo", coloca-nos que a relação entre o professor e o aluno é marcada pela punição, que é um modo que o professor tem de invocar sua autoridade que é esperada pela sociedade em geral. Porém, a autora advoga que os efeitos da punição geram, entre outros sintomas, submissão do estudante, medo, ansiedade e raiva contra o professor. Um agravante maior é que os professores, ingenuamente, fazem uso de seus próprios recursos didáticos para punir os alunos.(17-18)
A importância da relação mestre e aprendiz para o sucesso do aluno em sua vida estudantil é fundamental, de forma que a predileção do estudante por algumas disciplinas, muitas vezes passa pelo gostar ou não de um determinado professor. A interação entre ambos é ainda importante para a adaptação do aluno ao processo escolar.
HILLAL (1985) cita que:
"o primeiro professor de uma criança tem muito grande importância na atitude futura desse educando, não só durante a sua fase de aprendizagem, mas na sua relação com os sucessivos professores."(p. 19)
O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os alunos é expressado pela forma de relação que ele tem com a sociedade e com cultura, e segundo ABREU & MASETTO (1990):
"é o modo de agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos. O modo de agir do professor em sala de aula fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que por sua vez reflete valores e padrões da sociedade."(p.115)
A relação entre professor e aluno deve acontecer num clima que facilite ao aluno aprender. Para facilitar o aprendizado do aluno, os professores, segundo os mesmos autores, devem ter algumas qualidades bem desenvolvidas, que são: "autenticidade", "apreço ao aprendiz" e "compreensão empática".
ABREU & MASETTO (1990), citam, também, alguns comportamentos para o estabelecimento de um clima facilitador de aprendizagem para o aluno. Assim, o professor:
"1. Favorece situações em classe nas quais o aluno se sente à vontade para expressar seus sentimentos.
2. Faz com que a composição dos grupos de estudo varie no decorrer do curso.
3. Tenta evitar que poucos alunos monopolizem a discussão.
4. Compartilha com a classe na busca de soluções para problemas surgidos com o próprio professor, como o curso ou entre alunos.
5. Expressa aprovação pelo aluno que ajuda colegas a atingirem os objetivos do curso.
6. Respeita e faz respeitar diferenças de opinião, desde que sejam opiniões bem fundamentadas.
7. Expressa aprovação pelo aluno que toma iniciativa, desde que estas contribuam para o crescimento da classe.
8. Usa vocabulário que é claramente compreendido pelo aluno."(p.120)
A análise, até o presente momento, indica que a relação entre o professor e o aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir no nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica, também, que o professor, educador da era industrial com raras exceções, buscou educar para as mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo das crianças e para a formação de um cidadão consciente de seus deveres e cônscio de suas responsabilidades sociais.
Uma nova visão do professor
Na sociedade pós-moderna, esta nova visão social, as transformações estão acontecendo de forma ultra-rápida em todos os setores sociais. A presença das redes eletrônicas no processo de ensino e aprendizagem, este novo ambiente, nos faz pensar que a escola, forçosamente, está exigindo novos profissionais para a educação. O perfil vem se alterando porque a visão de mundo está mudando e os nossos professores estão, hoje, insatisfeitos, descontentes, ansiosos, pela não compreensão das novas necessidades sociais e do processo educacional. Ou seja, a sociedade mudou e a escola precisa mudar e os professores precisam saber que ser professor, hoje em dia, exige qualidades diferentes daquelas de vinte ou trinta anos atrás.
Não podemos pensar, nos dias atuais, que nossos alunos são menos inteligentes, responsáveis, mais imaturos ou menos preparados do que em outras épocas. O que temos de lembrar é que o paradigma de mundo está se alterando rapidamente e que as tecnologias têm contribuído para isto.
Assim, segundo BORGES (1995), os professores deverão valorizar mais os alunos, ou seja, ênfase no aluno e não na matéria como estamos fazendo. É importante citar que isto não significa dizer que o professor abandonará seus conteúdos, pois somente aqueles professores que alcançaram um alto grau de conhecimento sobre seus conteúdos é que são capazes de se libertarem dos mesmos, para efetivamente, dar atenção devida para as reais necessidades de seus alunos.
O professor deverá valorizar seu aluno permitindo que o mesmo avance em sua jornada do aprender, onde ele construa e reconstrua, elabore e reelabore seu conhecimento de acordo com sua habilidade e seu ritmo e, neste contexto, o uso das redes poderá ampliar e implementar o processo de ensino e aprendizagem.
Outro ponto a se considerar, ainda segundo o mesmo autor acima citado, é a questão do professor como um transmissor de conhecimentos. A escola, na maioria das vezes, não oferece condições para o professor produzir seu conhecimento e, desta forma, ou o professor está na escola dando aula ou não está presente na instituição. Como consequência, do fato do professor não ter tempo para elaborar seu material, acaba surgindo uma verdadeira cultura de livros didáticos e manuais com perguntas e respostas prontas que dispensam os mestres do ato de refletir e da produção do saber.
O professor através do uso das redes eletrônicas deve equilibrar os currículos e os procedimentos metodológicos com os estilos de aprendizagem dos alunos, encontrando um elo entre o processo cognitivo e emocional, bem como observar os modos de vida dos estudantes, buscando, principalmente nos conceitos de flexibilidade e diversidade, um canal direto com o mundo. Isso nos levará a uma ênfase maior na produção do conhecimento e não apenas na transmissão. O professor, usando as redes, poderá gerar e gerenciar uma grande quantidade de informação e conhecimento, trabalhando na pesquisa e na produção de novos conhecimentos.
Da mesma forma, segundo BORGES (1995), o eixo será deslocado da atividade oral para as atividades de interação do aluno com o meio. Não é o discurso do professor que garante autenticidade ao conhecimento. O professor privilegiará as atividades de interação em laboratórios, visitas a museus, trabalho em grupo, projetos educativos, teatros, vídeos e, principalmente, as experiências com pares distantes através da utilização das redes eletrônicas.
Neste contexto, a Internet oferece uma aventura emocionante, excitante e prazerosa para a interação das diferentes formas.
O mesmo autor cita que, de uma maneira abrangente, aprendemos cerca de 20% do que ouvimos, 30% do que vemos, 50% do que ouvimos e vemos, 80% do que ouvimos, vemos e fazemos e 100% quando criamos, ou seja, quando interagimos de forma ampla e abrangente, o resultado poderá ser surpreendente. (p.4)
É através da prática colaborativa-interativa que o professor poderá tomar gosto pelo pesquisar e estudar e as redes eletrônicas proporcionam essas atividades colaborativas com pares distantes, em culturas diferentes e com diferenças étnicas. Isso é importante para que aluno e professor possam criar um bom entendimento dos fenômenos e, assim, a ênfase estará sobre a interação e não sobre a fala do professor.
Por fim, segundo BORGES (1995), o enfoque do professor estará centrado em ser "aberto" para aprender a cada momento, e não em "ser correto". Ao professor caberá a tarefa de ensinar seus alunos tomar decisões neste mundo marcado pela pluralidade de informações. O certo ou errado numa época de tantas transformações, profundas mudanças, acaba sendo uma questão de visão de mundo, porém, estar, "ser aberto" para aprender a cada momento da vida, saber ver, analisar, fazer perguntas, poder perceber que o conhecimento, cada vez mais, estará sujeito a transformações, será muito mais significativo neste novo contexto. O professor auxiliará o aluno na coleta da informação (das redes), na análise e na elaboração do conhecimento a partir dela e a ênfase não estará mais no "certo ou errado", mas, em "estar aberto" para aprender.
Os professores, no uso das redes, têm à sua disposição um ambiente interativo, moderno, desafiador e inovador e podem transformar o processo ensino-aprendizagem numa aventura dinâmica.
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Bibliogragia
ABREU, Maria C. & MASETTO, M. T. O professor universitário em aula. SãoPaulo: MG Editores Associados, 1990.
BORGES, Pedro F. O professor da década de 90. Artigo apresentado no simpósio de qualidade total na Universidade Mackenzie, 1995.
D''OLIVEIRA, M. H. Analisando a Relação Professor-Aluno: do Planejamento à sala de Aula. São Paulo: CLR Balieiro, 1987.
FAZENDA, Ivani. Interdisciplinaridade: Um projeto de parceria. São Paulo: Edição Loyola, 1993.
__________, Práticas Interdisciplinares na Escola. (Org) Ivani Fazenda. São Paulo: Cortez, 2ª edição, 1993.
________, A Educação Como Mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 18ª edição, 1991.
GARCIA, Paulo. S. Qualidade e Informática: a escola pública do ano 2000.
Artigo apresentado e publicado no Congresso Nacional de Informática Pública (CONIP)1995.
________, O uso dos computadores nas escolas de São Caetano do Sul. Relatório de pesquisa realizada em São Caetano do Sul, 1994.
________, Redes eletrônicas no processo de ensino e aprendizagem. Artigo apresentado no Congresso Nacional de Informática Pública (CONIP) 1997.
GARDNER, Howard. Estruturas da Mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas. Porto Alegre: Artes Medicas, 1994.
_________, Inteligências Múltiplas - A teoria na Prática. Porto Alegre.Artes Médicas, 1995.
HILAL, Josephina. Relação Professor-Aluno: Formação do homem consciente. São Paulo, Ed. Paulinas, 2ª edição, 1995.
HOLANDA Aurélio. B. de. Dicionário Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 1995.
MEKSENAS, Paulo. Sociologia da Educação. São Paulo: Ed. Loyola, 1991.
MIZUKAMI, Maira. G. N. Ensino: As abordagens do Processo. São Paulo: EPU,1986.
_________, Leituras dos Meios de Comunicação. São Paulo: Pancast, 1993.
SAVIANI, Dermeval. - Escola e Democracia. São Paulo: Cortez Editora, 25ª edição, 1991.
TOFFLER, Alvin. A Terceira Onda. Trad. João Távora. São Paulo: Record, 20ª edição, 1995.
UNICEF. Situação Mundial da Infância. Brasília-DF, 1992.
VYGOSTSKY, Lev S. - A Formação Social da Mente - Martins Fontes- São Paulo. 5ª edição, 1994.
_______, Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2ª edição,89.
Paulo Sérgio Garcia
Este artigo foi obtido no site do autor: http://www.geocities.com/Athens/Delphi/2361/profal.html
Editando Vídeos com o Movie Maker
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Maria Angélica
on segunda-feira, 16 de novembro de 2009
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É muito legal fazer trabalhos utilizando ferramentas de edição de vídeos. Estou apanhando um bocado, mas, fico muito satisfeita com meus passos de tartaruga. Estou fazendo um trabalho de Psicologia onde precisamos observar o desempenho das crianças e sua construção simbólica, segundo Vygostsky. Nosso grupo resolveu filmar e para isso utilizamos a camera de foto Sony Cyber-shot, e ficou bem razoável. Consegui dar uns primeiros passos na confecção do vídeo e estou tentando postar o vídeo para que todos possam conferir minha "obra de arte". Como não aprendi ainda as artimanhas desse novo processo não sei se vou conseguir, mas, AGUARDEM!!
Notícias interessantes - fonte : uol -
Jovem com paralisia cerebral é autorizado a fazer Enem
O estudante Guilherme Finotti, de 17 anos, portador de paralisia cerebral, recebeu autorização do MEC (Ministério da Educação) para realizar a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2009.
Para conseguir fazer a prova, o Ministério Público Federal em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, ajuizou ação contra o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela aplicação do exame. O Enem está marcado para os dias 5 e 6 de dezembro.
Segundo o MPF/RS, Finotti comunica-se por meio de um computador adaptado, e o empecilho imposto pelo Inep estava em conseguir o equipamento. Os pais do estudante tentavam conseguir esse benefício desde maio deste ano.
Em nota, o Inep afirmou que "ele [Finotti] já está devidamente incluído entre os participantes que vão realizar a prova em condições especiais e o Inep está tomando todas as providências operacionais para organizar a aplicação do exame nas condições solicitadas."
O estudante gaúcho já cursou o ensino técnico em informática, e conclui o ensino médio no final deste ano. Além disso, Finotti recebeu o prêmio de destaque no 4º Salão UFRGS Jovem 2009 por desenvolver um jogo para alfabetização de crianças com paralisia cerebral.
O estudante Guilherme Finotti, de 17 anos, portador de paralisia cerebral, recebeu autorização do MEC (Ministério da Educação) para realizar a prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2009.
Para conseguir fazer a prova, o Ministério Público Federal em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, ajuizou ação contra o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), responsável pela aplicação do exame. O Enem está marcado para os dias 5 e 6 de dezembro.
Segundo o MPF/RS, Finotti comunica-se por meio de um computador adaptado, e o empecilho imposto pelo Inep estava em conseguir o equipamento. Os pais do estudante tentavam conseguir esse benefício desde maio deste ano.
Em nota, o Inep afirmou que "ele [Finotti] já está devidamente incluído entre os participantes que vão realizar a prova em condições especiais e o Inep está tomando todas as providências operacionais para organizar a aplicação do exame nas condições solicitadas."
O estudante gaúcho já cursou o ensino técnico em informática, e conclui o ensino médio no final deste ano. Além disso, Finotti recebeu o prêmio de destaque no 4º Salão UFRGS Jovem 2009 por desenvolver um jogo para alfabetização de crianças com paralisia cerebral.
Reunião de 26/10/2009
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Maria Angélica
on segunda-feira, 26 de outubro de 2009
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Durante a tarde de segunda-feira (26/10), conseguimos produzir boa parte de nosso trabalho. Desenvolvemos algumas questões referentes ao tema e reestruturamos nosso blog. Combinamos um novo encontro para a próxima segunda-feira (02/11/2009).
Ambientes Informatizados
Postado por
Maria Angélica
on terça-feira, 13 de outubro de 2009
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computadores
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Hoje estamos vivendo uma era de transformações tecnológicas muito além do que podiam imaginar nossos sábios antepassados. Trabalhar com sistemas de informação tem se tornado tão comum, que certamente não haverá lugar para quem não acompanhar este avanço da modernidade.